domingo, 29 de abril de 2012

Eu não me recordo quanto tempo
Mas nós estávamos abraçados
E encostados ali há muito tempo
Eu não me recordava se eram horas, dias, meses
Nós dois esquecemos naquele momento
Que nós dois pretendíamos a paz
Dentro da violência do mundo
E sem perceber a chegada da paz
Nós dois estávamos alojados dentro dela



Caetano Veloso

sábado, 28 de abril de 2012

As vezes eu até penso que talvez todo mundo ficou um bocado estranho de uma hora pra outra,  outrora penso que talvez eu é que tenha ficado. O fato é que tudo está ao avesso, tudo completamente ao avesso e ninguém parece se importar e as vezes parecem nem perceber. E eu não falo das insanidades que lemos no jornal, eu falo das pessoas em si. De tudo, do cotidiano. Talvez todos tenham enlouquecido ou talvez eu é que esteja enlouquecendo.
(...) Enquanto você ficar olhando o cenário sombrio e vazio que ficou, você nunca vai observar com atenção os cenários bonitos e floridos que passam despercebidos. Enquanto você se deixar viver a sombra de um amor, não vai poder viver algo realmente relacionado com o que o amor é ou pelo menos deveria ser: a luz.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Crianças crescidas

Imagine se nunca tivesse havido nenhuma guerra no mundo. Aliás, imagine se as pessoas agissem como agiriam como quando eram crianças. É meio complicado seguir minha linha de pensamento, eu sei, mas tente pensar em como seria se todo mundo pensasse no outro com o mesmo carinho que pensa em si. Sem os absurdos que lemos no jornal ou assistimos na tv. Sem ganância, sem crueldade, sem homicídios. Imagine se as pessoas tivessem mais cuidado e se a vida não fosse tão banalizada. Imagine se os senhores da guerra imaginassem quem elas amam no alvo de suas armas químicas e bombas inteligentes. Se as pessoas que lutam nas guerras religiosas refletissem sobre o que a religião delas ensina sobretudo, sobre o amor e o respeito.  Imagine se, como quando éramos crianças, nós dividíssemos nossa comida, não haveria fome se nós pensássemos como crianças, quando eu era criança eu sempre achava que cabia mais um cachorro em casa, sempre caberia mais alguma criança no quintal. As vezes eu imagino se todos fossem crianças e o mundo nosso parque de diversões. Sem preço nos brinquedos e sem pessoas pra nos regularem. Cada diferença seria observada apenas como um ponto de originalidade em cada um. Religião, gosto musical, opção sexual, raça (...) Talvez seja uma viagem mesmo maluca fechar os olhos e imaginar um pequeno Adolf rodeado de crianças judias tomando sorvete. Mas, um dia, todos nós fomos pequenos demais pra preconceitos vazios. Um dia, tudo o que nós queríamos era apenas brincar, apenas comer coisas gostosas e dividir com os amigos. Um dia, fazer amigos era a coisa mais simples que podíamos fazer. Era meio que coisa de cinco minutos, entre correr pra lá e pra cá ou dividir um esconderijo no esconde-esconde. E então eu penso, onde é que nós abandonamos nossa infância e pior, onde é que nós abandonamos a melhor coisa que tínhamos dentro de nós e aquele brilho infantil nos olhos que ganhamos ao nascer? 

quarta-feira, 25 de abril de 2012


25 de junho de 2011

Ele era tão impossível. Ela era tão auto-destrutiva. Ele era tão envolvente. E ela era tão insegura. (...)



Queria dizer que gosto de você. Gosto da forma que você sorri e gosto de como você fuma. Gosto de como você fala e do seu sorriso malicioso e torto. Gosto do seu cheiro e gosto ainda mais do seu gosto. Sabe, não é só desejo. Eu gosto do sexo, mas não só dele. Eu gosto de você, eu gosto de verdade. Eu gosto dessa relação louca, do perigo. Eu corro o risco por você mas não é só porque eu gosto do risco. Você sabe que eu amo adrenalina. Mas eu corro o risco por você não só por ela, você não sabe mas eu gosto de você também. Não é apenas sexo casual, sabe? Eu só queria que você soubesse que não tô te colocando na parede, não to te exigindo uma coisa séria, eu só queria que você soubesse. Que eu te amo. Amo mesmo, amo. Amo tanto que arrisco tudo pra ficar perto de você só um pouco. Amo tanto que engulo todas essas palavras toda vez que quero dizê-las só pra que você perceba tudo isso dentro dos meus olhos e finja que não as viu enquanto eu finjo que não sei que você sabe de tudo. Acho que tenho medo de estragar tudo. E fico aqui, te olhando dormir mais uma vez, só mais uma. Da próxima eu juro que te conto, eu juro.



25 de abril de 2012
(...) E quando ela finalmente tomou coragem pra contar, a vida tapou-lhe a boca enquanto sussurrava-lhe no ouvido "é tarde demais". E era.
Liberdade na vida é ter um amor pra se prender. A gente reclama muito da dependência, mas como é maravilhosa a dependência, confiar no outro. Confiar no outro a ponto de não somente repartir a memória, mas repartir as fantasias. Confiar no outro a ponto de esquecer quem se foi, sem que o outro esteja junto. É talvez chegar em casa e contar seu dia e só sentir que teve um dia quando a gente conta como foi. É como se o ouvido da outra pessoa fosse nossos olhos. Amar é uma confissão. Amar é justamente quando um sussurro funciona muito melhor que um grito. Amar é não ter vergonha de nossas dúvidas, é falar uma bobagem e ainda se sentir importante. É lavar louça e nunca estar sozinho. Arrumar a cama e nunca estar sozinho. É aquela vontade danada de amar de mãos dadas durante o dia e de pés dados durante a noite.


Fabrício Carpinejar

Sabe, serei seu lar se quiser
Sem pressa, do jeito que tem que ser

Pitty
Confesso-lhes que ela queria ficar ali pra sempre, amou tudo, amou até os detalhes que deveriam ser insignificantes. Era a melhor noite da sua vida, não tinha dúvidas. Mas quando o despertador tocou, pegou suas coisas com os olhos cheios de lágrimas e foi embora com toda dor que alguém podia sentir. E o Sol nem tinha nascido. 

Quem dera eu achasse um jeito
de fazer tudo perfeito,
feito a coisa fosse o projeto
e tudo já nascesse satisfeito.
Quem dera eu visse o outro lado,
o lado de lá, lado meio,
onde o triângulo é quadrado
e o torto parece direito.
Quem dera um ângulo reto.
Já começo a ficar cheio
de não saber quando eu falto,
de ser, mim, indireto sujeito.


Paulo Leminski

Não vou dizer que é fácil se assumir quem é, assim com todos os desejos, defeitos e verdades. É difícil, viu? Mas é necessário. Não dá pra se esconder de todo mundo e principalmente não dá pra se esconder de si mesmo. Fugir dos próprios desejos só entristece. Então, abre o teu sorriso lindo e diz o que precisa. Se desprende dos teus medos e conta a verdade. Se ama, não demora pra dizer, ninguém sabe em qual momento pode ser sua última chance. E depois, as dúvidas do que poderia ter sido doem muito mais do que qualquer resposta, por pior que ela possa ser. Se fora pra se arrepender, se arrependa do que você já fez, se bem que acho bobagem se arrepender de algo que tenha te feito feliz. Lembra o que eu disse sobre o amor próprio? É por esse caminho. Você se ama, você é incrível, você é auto confiante e acredita em si mesmo. E mesmo se depois de abrir o coração, aquilo que você esperava não acontecer, não faz mal. Você sabe que é fantástico o suficiente pra sorrir e achar novas pessoas por ai. Pra terminar, gostaria que você se lembrasse de uma citação de Paulo Coelho, em Brida: Quantas coisas perdemos por medo de perder? 
Espero que isso te ajude a encontrar dentro de si a coragem que precisa, 
Para um grande amigo: LC

terça-feira, 24 de abril de 2012


(...) Ele não dizia nada, e ela esperava que ele dissesse. Então ficavam assim, num silêncio profundo. Embora o olhar falasse mais que qualquer frase feita. Um dia chegaram bem perto um do outro, quase com os olhos colados se beijaram. E então ela entendeu todo o silêncio: as palavras eram dispensáveis.

Toda pessoa é sempre as marcas de outras tantas pessoas. E é tão bonito quando a gente entende que a gente é tanta gente onde quer que a gente vá. É tão bonito quando a gente sente que nunca está sozinho por mais que pense que está.


Gonzaguinha 

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Definitivamente não tenho porque, não tenho argumentos válidos. Só sei que é assim que fiz e faço porque é assim que tem que ser. Talvez esse meu dom pra tomar decisões erradas talvez por causa do desespero por um acerto tenha me trazido até aqui ou talvez seja apenas aquele velho hábito de arriscar tudo pra tentar ser feliz, não sei. Sinceramente, sei muito pouco sobre mim. E embora isso pareça um grande clichê, é a mais pura verdade. As vezes eu acho mesmo que mereço tudo isso, que fui uma grande covarde no único momento que devia ter tido coragem e quero até pedir mil desculpas a todos que feri por achar que só eu tinha feridas. E as vezes, e isso é bem raro, acho que eu fiz o melhor que pude - não tenho certeza - e mesmo admitindo os erros acho que sou bem forte pelas coisas que pude suportar - e pensei que não suportaria. Acho que meu maior erro foi pensar que aprenderia a lidar comigo mesma com o tempo. E o tempo passou e eu descobri que na verdade o que eu estava mesmo era esperando ele passar e só. Sei que é demais pedir pra alguém entender, se nem eu mesma entendo. Nada em mim faz sentido, e nem poderia fazer, afinal o que é que faz sentido nesse mundo? Nada. A coisa mais sem sentido que pode existir é a espera de que algo faça sentido.

domingo, 22 de abril de 2012


Feito flor abraçada por borboleta. Feito café da tarde com bolinho de chuva. Onde, em vez de nos orgulharmos por carregar tanto peso, a gente se orgulha por ser capaz de viver com mais leveza.
Ana Jácomo
Talvez nós sejamos apenas dois pervertidos apaixonados com gosto de cigarro e álcool na boca. Talvez nós sejamos dois amigos colecionando um punhado de risos. Só tenho algumas certezas: É companheirismo, é confiança, é tesão, é cuidado, carinho, conversas, somos nós e todo o tempo do mundo sendo pouco perto um do outro, é amor e não há nada no mundo tão diabólicamente lindo e extremamente angelical ao mesmo tempo.
Era pra falar, eu calava. Era pra ir, eu ficava. Era pra ficar, eu ia embora. Era pra fingir e eu não sabia. Era pra não se importar e eu não conseguia. Era pra se importar e eu não ligava. Era pra rir, eu travava. Era pra ser e eu definitivamente não era. Mas tudo sempre foi tão ao contrário, tudo sempre foi tão oposto do que deveria ser que eu já não saberia ser como deveria. Apenas era como cabia-me ser, apenas fazia como achava que devia ser feito. Haviam motivos pra eu ser assim. Eu carrego minhas histórias, eu tenho minhas cicatrizes e minhas boas memórias. E as vezes, de manhã, cantarolo Caetano "cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é".


Não te espantes quando o mundo amanhecer irreconhecível. Para melhor ou pior, isso acontece muitas vezes por ano. “Quem sou eu no mundo?” Essa indagação perplexa é o lugar-comum de cada história de gente. Quantas vezes mais decifrares essa charada, tão entranhada em ti mesma como os teus ossos, mais forte ficarás. Não importa qual seja a resposta; o importante é dar ou inventar uma resposta. Ainda que seja mentira.
Paulo Mendes Campos
Com todo respeito, porque tanta falta de amor próprio? Por que tanta insistência em algo que não vai mudar nunca? Einstein dizia que insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.   A pessoa te caga na boca, te trai, te fode, te deixa no chão e dai depois que todas as opções esgotadas acabam, ela volta enquanto você abre os braços e faz uma festa, você limpa tudo e arruma da forma que ela quer, da forma que ela gosta, você ajeita tudo pra tudo estar perfeito e tudo isso pra esperar apenas a pessoa estragar tudo de novo. E não adianta ninguém aconselhar, não adianta esfregar a verdade na cara. Tem gente que acha que guilhotina é colar. E diz por ai "minha vida é você" como se não tivesse tido vida antes de conhecer alguém. Porque as pessoas dão tanto valor em coisas que não valem a pena? De todos os conselhos que já dei, só dou mais este: Pra amar alguém, você precisa de amar primeiro.
Pra nós, todo o amor do mundo
Pra eles, o outro lado
Eu digo mal me quer
Ninguém escapa o peso de viver assim
Ser assim, eu não
Prefiro assim com você
Juntinho, sem caber de imaginar
Até o fim raiar


Los Hermanos

sábado, 21 de abril de 2012


Olá velho amigo
Você pode me observar um pouco?
Você e um temos um passado 
Você pode se lembrar?


Nós costumávamos ser amigos
A algum tempo atrás
Nós podíamos conversar sobre qualquer coisa
E dos risos, você se lembra?


Onde será que nós nos perdemos tanto?
Dizem que somos tão iguais.
Você pode me observar um pouco?
Você parece não me enxergar mais


Hoje você odeia o que me tornei
Acho que por ser exatamente igualzinha a você
Talvez seja isso que se assuste:
Seu passado vivendo diante dos seus olhos


Os mesmos erros
A mesma forma de rir

Os pés com os dedos iguais 
na mesma caminhada


Eu costumava ser sua garotinha
E você costumava dizer que eu seria pra sempre
Você pode me olhar um pouco e se lembrar?
Ainda sou eu, papai
Ainda sou eu, velho amigo



Tem os olhos cheios de esperança, 
de uma cor que mais ninguém possui. 
Me traz meu passado e as lembranças, 
coisas que eu quis ser e não fui. 
Olha, você vive tão distante, 
muito além do que eu posso ter. 
Eu que sempre fui tão inconstante, 
te juro, meu amor, 
agora é pra valer. 


 Erasmo Carlos e Chico Buarque 

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Será que a borboleta 
lembra que já foi lagarta? 
Será que a lagarta 
sabe que um dia vai voar?


Palavra Cantada
Acariciar os cabelos, beijar a testa, fazer carinho com os dedos nas costas, deitar sobre o peito do outro, se preocupar, segurar as mãos, fazer carinho no braço, fazer carinho no rosto, beijar na boca, sentir saudade, matar a saudade, abraçar com força, apertar um corpo contra o outro, rir juntos, falar bobeiras, cuidar, conversar  longamente, beijar na bochecha, fazer caretas, conversar pelo olhar, beijar com tesão, com carinho, beijar com força, beijar com afeto, presentear nem que seja com um sorriso, brincar, olhar longamente pro outro em silêncio, decorar os jeitos do outro e o modo como ele fala, aconselhar, fazer o outro se sentir importante, fazer carinho na orelha, dedilhar a nuca, sentir que todo tempo do mundo é pouco perto daquela pessoa, sussurrar no ouvido, beijar o pescoço, morder (...) Amar é muito mais que dizer 'eu te amo'. .
Então compreendi que tudo se resumia nos nossos sonhos, porque realizados ou não, eram o que realmente queríamos. Idealismos eram sonhos, objetivos eram sonhos, o futuro era apenas um sonho. E percebi que nós poderíamos arriscar tudo, porque o máximo que poderíamos perder seria a vida e que de uma forma ou outra, nós a perderíamos e então, não tínhamos nada a perder. Quando não se tem o que perder, não se tem medo e quando não se tem medo, somos capazes de tudo. O fim do filme seria: Todos nós morreríamos inevitavelmente no fim, mas se dependesse de mim, morreríamos com os sonhos realizados. Nós não tínhamos mais medos.

segunda-feira, 16 de abril de 2012


Tenho sentido coisas inexplicáveis, carências incuráveis. Ninguém acredita, mas eu sou uma pessoa muito sozinha. Não pense que isso é ruim não, porque ruim é não sentir nada, a solidão faz parte. Tenho sentido uma vontade sobrenatural de ligar para alguém que já não me atenderia mais, tenho vontade de dizer que faz falta o que não vivi.
Caio Fernando Abreu
Não é fácil explicar. Me empolgo demais, aliás tudo é sempre demais, como já devo ter dito. Tudo é na hora errada, tudo é precoce ou atrasadíssimo. Tem dias que eu escuto uma música só, milhares de vezes e há dias que não sossego em nenhuma, ouço várias embora desista sempre na metade. Eu janto de madrugada, tomo café na hora do almoço e almoço no chá de tarde, que não tomo ou tomo durante a tarde toda até que eu queira jantar, embora as vezes isso fica ainda mais fora de ordem e estranhíssimo para o resto das pessoas. Comigo tudo sempre foi ao contrário, todo o sentimentalismo não funciona como devia. A verdade é que eu tenho um coração maior que eu e penso sempre nos outros, mas não sei porque acabo ferindo as pessoas que mais quero proteger, ou no mínimo acabo afastando-as. Já perdi as contas de quantos amigos que pude chamar de irmãos ficaram pelo caminho e tomaram seus próprios caminhos e aquele sorriso da fotografia, só existe nas memórias e nas fotos mesmo. Talvez o grande erro seja eu, tentando fazer o melhor que posso e fracassando na maioria das vezes. Se observar bem, não tenho escrito muito. As vezes dá uma vontade, mas acabo me esvaziando antes de terminar e acabo desistindo de escrever. E logo escrever, que me fazia fugir de tudo que me causava medo ou aflições. Hoje se tornou apenas mais um item da lista das coisas que sinto falta de quem eu era. E acredite, mudei tanto que não reconheço quem era e não reconheço quem fui. É como se tivessem me transplantado sentimentos novos com a mesma memória e o mesmo corpo. As palavras que antes fluíam, hoje não saem e eu muda sorrio sem graça enquanto tento achar uma resposta, inclusive até pras minhas próprias perguntas. A maior e que me atordoa mais é o porque de tudo isso. Não acredito em uma divindade que nos colocou aqui e não acredito no que a ciência diz, mas não me interesso em perder tempo buscando respostas assim. Queria saber mesmo qual a finalidade disso, ir acordando todos os dias, morrendo pouco a pouco todos os dias e observando quem mais amamos caminharem em direção a morte também, estamos aqui pra rir e chorar sem saber o que vai acontecer depois e observar todas as desgraças que acontecem no mundo sem conseguir mudar nada? Hoje, se pudesse definir a vida, definiria-a exatamente igual a mim: um enorme ponto de interrogação.

domingo, 15 de abril de 2012

"Entre as coisas mais lindas que eu conheci
Só reconheci suas cores belas quando eu te vi
Entre as coisas bem - vindas que já recebi
Eu reconheci minhas cores nela, então eu me vi
Está em cima com o céu e o luar
Hora dos dias, semanas, meses, anos, décadas
E séculos, milênios que vão passar
Água- marinha põe estrelas no mar
Praias, baías, braços, cabos, mares, golfos
E penínsulas e oceanos que não vão secar
E as coisas lindas são mais lindas
Quando você está
Hoje você está
Onde você está
As coisas são mais lindas
Por que você está
Onde você está
Hoje você está
Nas coisas tão mais lindas"



Cássia Eller

sábado, 14 de abril de 2012

Há quem diga que todas as noites são de sonhos.
Mas há também quem garanta que nem todas, só as de verão. No fundo, isto não tem muita importância.
O que interessa mesmo não é a noite em si, são os sonhos. Sonhos que o homem sonha sempre, em todos os lugares, em todas as épocas do ano, dormindo ou acordado. 



William Shakespeare
Um dia desses, 
num desses encontros casuais
Talvez a gente se encontre
talvez a gente encontre explicação.


Engenheiros do Hawaii
Tomando chá de rosa
com vestido rosa-chá
a menina curiosa
questionava o sabiá:
- Tu cantas lindamente
e ainda podes voar.
Me empresta tuas asas
pra escapulir deste lugar?
Que em troca lhe dou flores
e lhe ensino a dançar.

amoresias

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Deitada num colchão na varanda com os olhos pregados no céu. Só depois de uns segundos de apneia percebeu a quanto tempo não fazia isso. Quando menor, deitada ali no mesmo colchão e no mesmo lugar sonhava com dias em que seria astronauta ou pudesse estudar os astros. O universo sempre a deixou muito intrigada, curiosa e até um bocado eufórica. Lembrava de que costumava comparar os astros com as pessoas. O pai era o Sol, a mãe a Lua, a irmã menor um pequeno planeta e os amigos alguns cometas, alguns asteróides e outros satélites sempre precisando girar em torno de alguém. Então colou os olhos nas estrelas. As estrelas estão sempre ali, embora muito, muito longe. Embora nunca pudesse possuir estrela, ela amava-as. Amava o brilho e a forma de estar ali, linda e silenciosa, apenas ali brilhando pra quem quisesse ver em qualquer canto do Universo. E então se lembra de alguém que tinha olhos de estrelas. Os olhos mais bonitos que alguém pode ter, duas enormes estrelas hipnotizantes. Não se pode pegar uma estrela nas mãos, ela sabia. Mas como se pode explicar? Se você não pode ter uma estrela, mas pode dançar com ela, pode observá-la e sorrir e se isso for a única coisa que você puder ter. Então você aceita, porque qualquer coisa é melhor que nada. 
(...) A tola se esqueceu que estrelas não duram pra sempre, que estrelas também se apagam e uma noite quando olhou pra cima, aquela estrela não estava mais lá. E então o céu passou a ser apenas um enorme telhado cheio solidão.
‎Fica por aqui.
Vem cuidar de mim.
Vamos ver um filme, ter dois filhos, ir ao parque, discutir Caetano, planejar bobagens
e morrer de rir…

Cícero
Sonhei que eu caía do vigésimo andar
E não morria
Ganhava três milhões e meio de dólares
Na loteria
E você me dizia com a voz terna, cheia de malícia
Que me queria pra toda vida.


Cazuza
Era assim, o jeito dela meio sem jeito. O jeito de amar, de falar, de fazer comida, de sorrir, de cantar ou cantarolar no chuveiro, tudo, tudo mesmo era feito de forma exagerada e docemente desengonçado. Tudo as avessas, tudo ao contrário, tudo fora de hora e sem sentido.  Mas com o tempo e depois do todos os desastres, aprendeu a coisa mais importante que alguém pode aprender: a vida é passageira demais. Passageira demais pra procurar respostas pras perguntas irrespondíveis, rápida demais pra tentar se mudar ou explicar os porquês dos hábitos estranhos. Pra procurar motivos pra ser feliz. Então apenas era.

terça-feira, 10 de abril de 2012

Milagres e tragédias acontecem todos os dias diante dos nossos olhos.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Faço menos planos e cultivo menos recordações. Não guardo muitos papéis, nem adianto muito o serviço. Movimento-me num espaço cujo tamanho me serve, alcanço seus limites com as mãos, é nele que me instalo e vivo com a integridade possível. Canso menos, me divirto mais, e não perco a fé por constatar o óbvio: tudo é provisório, inclusive nós.


Martha Medeiros

domingo, 8 de abril de 2012

(...) E todo mundo diz que ele completa ela e vice-versa.


Legião Urbana
Chove. E embora esse cenário cinza e molhado pra mim sempre foi a imagem que eu tinha de um dia melancólico, hoje representa a calmaria que eu precisava. Respirando o ar fresco e delicioso que entra pela janela, tento organizar os pensamentos. Foi tudo muito rápido, totalmente inesperado embora deliciosamente calmo e relaxante. Então, as cicatrizes e os medos sumiram antes que eu pudesse notá-los. E, a um certo ponto, não havia como fingir que eu não tinha notado que tudo estava incrivelmente perfeito, sólido, tão sólido que se podia pegar com as mãos. 
Sabe, é meio complicado explicar. Mas cheguei a um ponto que precisava mesmo ficar sozinha, fechar as janelas. E eu fechei. Eu precisava de tempo, eu precisava de mudança, eu precisava desabafar em longas conversas maduras, o que não havia. E eu queria mesmo degustar a minha solidão reflexiva. Mas dai aparece um sorriso que me faz mudar de ideia, um sorriso que eu já tinha visto muitas vezes, e confesso que há muito, muito tempo eu já havia ousado desejá-lo, mas por um bocado de acontecimentos nunca tinha nem cogitado essa hipótese. Mas cá estou, olhando pra chuva e escrevendo em um blog, sorrindo bobamente pra tela e observando fotos, aqui estou eu, com o coração batendo rápido, cantarolando qualquer canção que fale de amor, aqui estou, degustando a felicidade.

sábado, 7 de abril de 2012

Sobre a páscoa

Pensei em explicar detalhadamente o que acho sobre essa baboseira de páscoa. Embora eu não tenha do que reclamar, pois adoro o feriado prolongado. Mas quando penso bem, nem adoro tanto assim porque é tanta merda que você vê, tanta falsidade, hipocrisia e é tanto lenga lenga que as pessoas fazem apenas porque é um costume que até dá uma enjoadinha. Entretanto, o chocolate desce pela garganta ileso a esses enjôos e mês que vem o que está na moda é o regime, mas isso não importa. Pra encurtar a conversa achei esse gif e embora ele seja cômico, achei que se pensasse melhor ele dizia muito sobre esse circo todo. Então, mando o belo clichê hipócrita que está in no momento: Feliz Páscoa (e desejo que vocês de divirtam).



domingo, 1 de abril de 2012

VIVA O BRASIL!
ONDE O ANO INTEIRO,
É PRIMEIRO DE ABRIL.
— Millôr Fernandes