domingo, 24 de fevereiro de 2013

Rompendo o silêncio

Foi embora sem dar prévio aviso ou ao menos dizer adeus. E eu nem notei. Achei que tivesse sido mais umas de suas idas e vindas, haviam tantas desde o ano em que eu havia começado. Mas foram dias e noites batucando no teclado e apagando dezenas de palavras. Talvez o dom tenha se cansado de mim ou talvez eu é que tenha me cansado de mim mesma, das minhas mesmices infames e criado essa história de 'abandono da inspiração'. Talvez seja só uma fuga pra não dizer mais o que disse milhares de vezes, pra não dizer que falhei, que sou uma fraude, que a meta nunca foi ser lida na verdade. Mas a verdade é essa. Que eu só queria dizer tudo que estava entalado na minha garganta, que só queria vomitar tudo que sufocava dentro de mim e foi isso que fiz. Então começaram a vir leitores, mas ainda tinha tanta coisa pra desentalar. Desentalei. Mas então comecei a selecionar coisas que não podia dizer. E fui trancando dentro de mim até tudo o que eu escrevia era só a camada superficial do que e sentia, mas eu ainda assim adorava alguns dos meus textos, aqueles em que eu podia ser um pouco sincera comigo mesma independente de quem pudesse lê-lo depois. "Todo bom escritor tem uma crise de criatividade em um certo ponto" - Me disse um amigo dias atrás. Mas não sei se sou escritora, muito menos se sou boa escritora. Só sei que gosto de escrever e, que quando eu simplesmente abria o coração e batia os dedos nas teclas parecia que tirava uma bigorna de dentro do peito. Talvez a resposta pra voltar esteja aí: Abrir o coração e escrever. Sem reler dezenas de vezes e achá-lo um pouco mais ridículo a cada vez até chegar num ponto onde desistir de dizer seria melhor. Talvez a resposta seja apenas parar de desistir. Não sei. Nem sei se amanhã continuo limpando todo esse ferrugem dos dedos, do blog e da alma, espero que sim, espero que sim de todo meu coração. Essa sensação de ir montando as palavras e deixando a alma mais leve. É normal isso? É bobagem isso? Não sei. Mas hoje, pelo menos hoje, isso não me importa.