sábado, 6 de agosto de 2011

Criptonita



As vezes eu me odeio, e odeio ainda mais a situação que eu mesma crio pra mim. Sabe quando você ensaia um milhão de vezes uma frase pequena na frente do espelho e ela não sai, de jeito nenhum, não sai na hora h ela entala, rasga um pouco, se segura nas bordas da minha garganta e definitivamente fica ali, presa. Eu tento dizer, juro que tento. Mas ela some e fica um buraco chamado silêncio, dai eu deixo pra uma próxima vez. Então eu tenho ódio, ódio por ter deixado mais uma oportunidade passar, por não dizer o que eu quis. Eu sempre fui uma garota que dizia tudo, sem nenhum receio ou pudor, dizia e diria novamente se deixassem, eu gostava da adrenalina de despir a alma e esvaziar o coração, de dizer o que queria e as palavras saiam fáceis, macias, escorregavam pela boca e quando eu via eu já tinha dito. Mas agora não, bem agora que eu queria dizer, agora elas travam, eu fecho os olhos, suo a mãos e penso "vou dizer" mas dai eu abro os olhos e olho o que há na minha frente e penso "não posso arriscar esse momento, daqui cinco minutos eu digo" Eu prometo pra mim mesma, mas assim vai até que eu vejo que não vou mesmo dizer. Então vou embora repetindo mentalmente "fraca, fraca". Talvez tenha encontrado minha criptonita dentro dos olhos de alguém, talvez tenha sido absorvida pelo meu amorzinho assim como nas histórias do Super Homem, mas de fato a garota tagarela que dizia tudo com uma facilidade como respirar já não consegue desentalar algumas palavras sacanas que se seguram nas bordas da garganta.

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