domingo, 11 de setembro de 2011



Quando tirava as roupas, tirava toda vergonha e medo. Sabe, já não tinha vontade de mentir. Ali, sozinha e no escuro se sentia a mais poderosa de todas as mulheres, aquela que tinha o poder de estar feliz sozinha. Já não se sentia desajeitada, desastrada, desinteressaste. Difícil falar sobre alguém se se sente melhor no escuro e sozinha. Apenas ouvindo o som da própria respiração. Aprendi com ela que nada melhor pra pensar na vida e colocar os sentimentos no lugar que isso, sem precisar parecer feliz, sem precisar sorrir, no escuro você pode encher as bochechas e franzir as sobrancelhas sem alguém te olhar estranho ou perguntar o que aconteceu. Talvez porque quase sempre que alguém pergunta o que aconteceu não quer mesmo saber, só quer ter alguém pra conversar porque acha que todos vão achá-lo estranho demais se ele preferir ficar em silêncio. Dai começa esse ciclo vicioso de um falando coisas pro outro que na verdade não sente por medo de ficar sozinho. Se abraça e percebe que alguns lugares das costas não dá pra apalpar. Mas aprendeu com os olhos cheios de lágrimas e sem nenhuma palavra na boca que a solidão é o único companheiro que se pode confiar de olhos fechados ou abertos. Então repetia 'pois até tua sombra te abandona no escuro' até dormir.

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