segunda-feira, 18 de março de 2013

Harmonia do desequilíbrio

Eu sou infantil demais. E você se irrita com muita facilidade. Eu te tiro do sério. E você grita como se me esbofeteasse. Eu me magoo fácil e você se arrepende do grito. Silêncio. Você pede desculpa e eu te ironizo. Você fica sério e eu aceito as desculpas. E dai te xingo e você me abraça. Sorrimos. Nós não fomos feitos um pro outro e não, definitivamente nós não temos tudo pra dar certo. Mas eu amo você e você me ama também. E por mais que a gente se atrite às vezes, não se atritar doeria bem mais. Por aí, num lugar por onde eu cometesse meus erros invisíveis e você cercado de gente menos irritante a vida seguiria simples e vazia. Sem briguinhas mas também sem reconciliações. E ah, eu amo nossas reconciliações. Você me disse que queria paz. E eu pensei tanto sobre isso, amor. Até me dar conta de que a paz que a gente procura só pode ser encontrada no caos que a gente provoca um no outro. Nessa euforia que acontece quando a gente se olha e se toca e na calmaria que encontramos abraçados nos olhando em silêncio. Você é meu caos e minha paz. E é por isso que eu amo você.

quarta-feira, 13 de março de 2013

Tatuagem


"E se vocês largarem? Se vocês largarem você vai ficar com a marca dele pra sempre." Se nós largarmos, amor, toda vez que eu olhar no espelho vou me lembrar de você. Sim, eles tem razão. Mas se nós nos largássemos toda vez que eu ouvisse música lembraria de você, também. Lembraria de você reclamando da música ou tentando me convencer que a música é boa, lembraria da gente cantando-a desafinadamente juntos e não importa que música seria porque praticamente toda vez que ouço música penso em algum momento em que estávamos juntos. Se nós nos largássemos, toda vez que eu cozinharia lembraria de você. Da sua impaciência em terminar logo e também seus palpites dizendo "minha mãe faz assim". E toda vez em que eu visse alguém cozinhando lembraria de você não me deixando ver o que você estava cozinhando pra depois botar tudo num prato e dizer "adivinha o que é que eu botei aí." Se nós nos largássemos amor, toda vez que eu deixasse a toalha molhada em cima da cama, quando alguém me fizesse cócegas, quando assistisse um filme, quando comesse pizza e tomasse um refrigerante de laranja, quando acendesse um incenso eu lembraria de você. Sentiria saudade em cada coisa que eu fizesse, porque não importa o que fosse, eu lembraria de você. Lembraria de você porque você tá dentro de mim. Tão lá dentro que eu não poderia tirar nunca mais. E não existe um removedor pra esse tipo de coisa, amor. Hoje eu tenho uma coisa sua marcada em mim que não vai sair nunca mais e, mesmo antes dessa, já tinha tantas outras. É você é quem não vai sair nunca de mim, porque nós somos uma coisa só.