quarta-feira, 29 de agosto de 2012


Poeminha pro meu bem

Se eu te dissesse, meu bem
que você me tem
você me desperdiçaria?
Se eu te perguntasse, meu bem
se você me ama também
o que você me diria?
E se eu te contasse, meu bem
os meus defeitos porém
você ainda me amaria?
Se eu dissesse, meu bem
que não quero mais ninguém
você acreditaria?
E se eu me mostrasse de verdade, meu bem
você não desistiria?
Se eu quisesse ir além, meu bem
Você também iria?

quarta-feira, 22 de agosto de 2012


Milhões de pessoas que você nunca vai conhecer e outras milhões que nunca te conhecerão. Planetas, satélites, galáxias, constelações e todo um universo desconhecido. Teorias. Será que já existiram outros de nós em outras galáxias? Alienígenas. Pessoas. Histórias.
Será que morrer dói mais que a dor de uma vida inteira? 
As vezes me sinto tão diferente de quem eu fui, e sinto coisas tão diferentes das que costumava sentir. As vezes eu me sinto tão forte que poderia lutar contra qualquer coisa no mundo e em outras me sinto tão vulnerável que não poderia lutar nem comigo mesma. Talvez eu esteja enlouquecendo. Tudo hoje me parece absurdamente maior e exagerado. Eu sinto medo de tanta coisa que as vezes, me pego sozinha abraçada as minhas pernas chorando no escuro sem nem saber o motivo e as vezes eu rio enquanto os pensamentos vão passando livres pela minha cabeça e depois de rir feito uma idiota eu nem me lembro do motivo do riso. Embora talvez eu devesse, a insanidade não me assusta, talvez porque eu saiba que todos nós temos um nível de loucura e que os mais loucos talvez sejam aqueles que ignoram a própria loucura, que embora misteriosa às vezes parece a única coisa que nos permite pensar em alguma realidade escondida. Será que nós somos mesmo evolução de um punhado de bactérias ou criação de uma divindade que nos esqueceu aqui? Será que já morremos e isso é só uma projeção da mente sobre a continuidade ou repetição da vida? Será que eu fiquei lúcida enquanto todos enlouqueciam e agora parece que eu é que enlouqueci? Talvez todos os dias, ao acordar, enlouquecemos com tudo que vai acontecendo um pouquinho, como morrer lentamente ou uma masturbação matinal da mente. Talvez pareça um desvaneio meu, mas acredite, talvez você não entenda porque já a loucura já te dominou.

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Queria que fosse mais simples explicar, mas nem eu mesma sei as respostas. Eu carrego meus erros e não os escondo de ninguém, é verdade. E eu já menti muitas vezes. Todos nós mentimos não é? Talvez muita gente se esqueça, mas quem não demonstra muito também costuma sentir. Eu não posso segurar nos teus ombros, te chacoalhar com força e te convencer a acreditar que eu te amo. Também não posso dizer que nunca amei - ou achei que amei- ninguém. E te mostrar um fato concreto pelo qual poderia provar que dessa vez seja mais real. Ninguém tem uma fórmula exata pra convencer e provar pra ninguém. Eu acredito que a maior prova de amor seja o bom tempo de convivência, a tolerância com os defeitos do outro, a vontade de vê-lo feliz mais do que a si. Não acredito que pintar uma faixa e colocar no centro da cidade, pixar uma mensagem no muro de algum lugar ou comprar um megafone e gritar pra todo mundo que te amo vai provar que amo de verdade, mas acredite, se você me dissesse que isso te faria feliz, eu faria agora mesmo. Eu prefiro aqueles bilhetinhos escondidos no meio das coisas do outro, os presentinhos sem data prevista, os carinhos trocados com ou sem segundas intenções. Se eu não te amasse não mudaria por você, nem ficaria tão ansiosa pra te ver, minhas mãos não suariam e eu conseguiria parar de sorrir sozinha feito uma boba. Não me preocuparia com o que você pensa e sente sobre tudo ou em parecer menos louca e controlar-me um pouco. Talvez seja nisso que erro, mas não sei ser diferente. Meu amor, preciso que você saiba que eu te amo mesmo, muito e além do que achei que poderia. Que te amo transbordantemente e que nunca tinha sentido isso da forma que sinto hoje, não posso te obrigar a acreditar em mim, mas independente da tua crença ou não, eu te amo.
Olho o céu com paciência. O azul não me cansa. Uma ave voando não significa que está partindo. Uma ave voando pode estar regressando.

Fabrício Carpinejar

quinta-feira, 16 de agosto de 2012


Preciso me organizar entre quem sou agora e quem eu fui e acredite, depois do clarão que foi perceber todas as mudanças, sinto que eu mesma preciso me adaptar com as coisas que sinto agora. Me lembrei de que, há um bom tempo atrás eu podia sentir livre de minhas próprias barreiras e, em um determinado momento eu me tornei essa estátua de gelo, prática e dispensando cenas. Mudava de caminho assim que percebia que podia topar com alguém e, mesmo quando trombava eu desviava antes que pudesse vê-lo com nitidez. Eu tive medo quando me vi assim, até me rejeitei, seria muito mais fácil continuar seguindo assim: Fugindo antes de nascer o dia, indo embora antes que desejasse ficar. Talvez eu não tenha tido escolha, talvez quando eu quis ir embora percebi que teria que deixar uma grande parte de mim. Talvez eu tenha me atrasado um pouco na vontade de ficar só mais um pouquinho e quando pensei em ir, minhas pernas não me obedeceram mais. Eu talvez tenha me descuidado um instantinho e, só então percebi que não iria embora nunca mais, mesmo que pudesse não o faria. Não haviam mais jogos, nem truques e nem saídas. Sob o calor da pele dele eu derreti.

terça-feira, 14 de agosto de 2012


Na cama, à noite, enquanto penso em meus muitos pecados e em meus defeitos exagerados, fico tão confusa pela quantidade de coisas que tenho que analisar que não sei se rio ou se choro, dependendo do meu humor. Depois durmo com a sensação estranha de que quero ser diferente do que sou, ou de que sou diferente do que quero ser, ou talvez de me comportar diferente do que sou ou do que quero ser.

Anne Frank
O fato é que as vezes me deixo tão à tua mercê que parece que toda a força que eu quis passar antes era mentira. Mas afinal, se você pudesse acreditar em mim, te diria de novo que eu sou uma garota que não sente ciúmes, que não chora em público e que não briga por coisas bobas. Te diria se eu mesma pudesse acreditar que ainda sou essa garota mas em um instante, quando olhei de novo pra mim eu era essa bomba emocional, esse problema insolúvel um nível mais chato.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Insone. Senti vontade de escrever cartas e enviá-las todas antes que o Sol pudesse nascer. Quis desejar formalmente bom dia pra um punhado de gente, mas não pra você, amor. Pra você quis aparecer cedinho no portão com pão de queijo e café quentinho, uma caixinha de incensos e um pijaminha na bolsa. Senti vontade de sentar na grama e conversar contigo agora, de te abraçar bem apertado e te ouvir fazer piadinhas e rir. Me deu uma vontade danada de você agora. E, juro, se você não morasse do outro lado da cidade e o mundo não estivesse tão perigoso eu a atravessaria agora e dormiria nos espaços que você deixa no teu colchão, sem reclamar. Aspirando teu perfume enquanto cheiro compulsivamente tua jaqueta. Está me dando sono e terei que levantar tão já que nem vou dormir, às vezes minhas pálpebras fecham sozinhas e eu tenho a impressão de que talvez ainda seja ontem, talvez ainda esteja dormindo com o rosto no teu peito. (...) Estou arrumando minha mochila, perdida em tanta bagunça. Como alguém tão organizado como você foi se interessar pela desorganização em pessoa? Sorte a minha, e segundo a minha mãe, azar o teu. De qualquer forma, orgulhe-se disto, quando penso em você eu tento arrumar melhor. Pensando em tudo que eu já te disse antes sobre as coisas que eu fiz ou sobre minha relutância em mudar qualquer coisa em mim, percebi que é inevitável não querer ser melhor. Porque sempre vou querer o melhor pra você, sempre vou querer te fazer sentir melhor, entende? Talvez seja o meu autoritarismo saindo ou talvez seja apenas efeito de Birdy, não saberei até botar os olhos em você. Acho que estou realmente com sono, de qualquer forma vou lutar muito comigo mesma pra pelo menos salvar esse texto nos rascunhos pra te mostrar depois. Não sei porque pensei nisso agora mas quero ter ao menos um ipê amarelo quando a gente tiver nossa casinha, não me deixa esquecer? Zeca Baleiro agora, tua foto aqui na mão. Acho que vou levá-la comigo. É impressionante como eu me sinto muito mais calma quando eu olho pra tua foto, me uma paz semelhante a que eu sinto quando você está por perto. Naturalmente eu diria "comigo" ao invés de "por perto", mas você SEMPRE está comigo, de uma forma ou outra. Queria teu beijo estalado na minha testa agora, enquanto acaricio teu cabelo e você me faz dormir. E mais: Queria dormir dentro de um ofurô mas acredite, um colchão no chão já seria ótimo. Pensando com as minhas caraminholas: Qual será a minha reação ao ler isso daqui alguns anos? Acho que vou me achar retardada, ou seja, não haverá tanta mudança, não. Percebeu que meu texto/carta só tem um parágrafo? É porque é tudo um assunto só: Eu insone e meus pensamentos sobre/para você. De tudo que eu queria que você soubesse e acreditasse com toda certeza e sem sombra de dúvidas é que tudo que eu mais quero é te fazer feliz e que eu te amo. Acredita em mim? Não deve ser difícil. Como não amar você e todas as suas façanhas? Como não amar teus defeitos adoráveis e qualidades indiscutíveis? Eu amo. E vou continuar amando daqui anos, e vou continuar te acordando com cócegas nos pés e te irritando também, você sabe como sou. Vou me arrumar antes que acabe ficando atrasada pra aula mesmo sem ter dormido. Bom dia, meu amor.


domingo, 12 de agosto de 2012

Ele me parece um pedaço daquilo que a vida tem de mais charmoso. Ela estava ficando instigada. Que mais restava àqueles dois senão, pouco a pouco, se aproximarem, se conhecerem, se misturarem? Pois foi o que aconteceu. Ela diria que ele salvou sua vida se não soasse tão dramático. Ele não faz planos ou promessas, só surpresas, te ensinou a gostar de surpresas. Ele é diferente. De repente ela percebeu que o amor era o instante em que o coração fica a ponto de explodir.

 Tati Bernardi 
No filme um cara perguntava de uma antiga namorada e a vizinha dizia-lhe que saíra em lua-de-mel.
- E se um dia você for na porta da minha casa e minha vizinha te disser que tô em lua de mel? - Ele me disse.
- Isso não vai acontecer. - E voltei os olhos para o filme.
- E se acontecesse? - Ainda me olhando sério.
- Eu estaria na lua-de-mel com você. - Fixando os olhos nele.
Ele sorriu e me beijou.
"Não esperava outra resposta." Resmungou enquanto voltava os olhos para o filme.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: a lombada descascando, o volume ficando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros.

Martha Medeiros
Você já imaginou como seria sua vida se você fosse filho de um casal de moradores de rua? 
Imagine como deve ser crescer vendo o sofrimento dos seus pais por não poderem te dar nada, e o medo pela falta de proteção, imagine tua linda infância tendo a sensação de não poder querer nada além do básico e saber que na maioria das vezes o básico nem vem. Crianças que sonham em ter uma casa e brinquedos. No Natal algumas instituições até doam alguns, mas as crianças nunca tem tempo pra brincar. As crianças que estão sempre ali no cantinho da calçada tão desprezada que parece ser invisível, na cabeça dela ela se pergunta porquê não ela. Imagino que se perguntando o que foi que ela fez. Dói imaginar, dói se colocar no lugar. Quanto tempo se passou desde que você começou a ler isso? 3 minutos? Imagine se fosse por uma vida inteira. Agora pense no salário absurdo dos deputados, nas lavagens de dinheiro, nas contas na Suíça, no imposto que você paga, nas obras públicas desnecessárias. O que te diferencia daquela criança? 

As vezes eu fico assim olhando pra ele e tenho a sensação de que eu me perdi no tempo. Eu olho nas curvas do rosto, na boca carnuda e macia, nos olhos sonolentos. Toco de leve a pele quente e penso em tudo que passamos juntos. Nas risadas, nos conselhos, na saudade que eu sinto assim que ele me diz tchau e nas coisas que só pertencem a nós. Na forma em que eu me vejo hoje muito mais mulher, menos turrona, menos teimosa (mas ainda teimosa, que fique claro). Eu observo e concluo que tenho um melhor amigo, um cúmplice, um namorado e que eles são a mesma pessoa e que de uma certa forma ele me faz sentir como se eu fosse além de namorada. As vezes tenho sentimentos tão maternais e outrora tão devassos sobre ele, é meio estranho explicar sobre como ele me faz me sentir. É como se alguém chegasse com um pacote gigante de Doritos, uma barra de chocolate branco e uma garrafa de refrigerante de laranja bem geladinho enquanto coloca uma música boa pra tocar e massageia meus pés, entende? Dá vontade de dançar quando ele chega perto. Quando eu sei que vou vê-lo, minha ansiedade se assemelha com a de uma criança quando você diz que vai levá-la ao parque mais tarde, sabe? Aquela coisa de ficar olhando o relógio e tal. Ele me faz sentir tão adulta e como uma criança pequena ao mesmo tempo. Ele me traz uma paz que eu nem sabia que existia. Ele me abraça e me dá força e coragem pra enfrentar qualquer coisa no mundo, se ele segura minha mão eu sou invencível, entende? Eu fico imaginando nosso futuro juntos e sabe, talvez eu esteja enlouquecendo mas eu até posso ver. Nossas crianças, nossas rugas aparecendo, além daquelas que se formam quando sorrimos. Eu até posso sentir o tempo passando sem passar através dos nossos dedos entrelaçados. Eu, por fim, penso que observando tudo isso seria impossível não amá-lo. E o amo ainda mais. Depois percebo que cá estou eu, olhando pra ele com um sorrisinho besta sabe-se lá por quanto tempo.

domingo, 5 de agosto de 2012


Ontem, enquanto eu sorria sem saber porquê. Pensei em todo um futuro pra nós talvez como se já estivéssemos lá. Quis te fazer cócegas, te fazer rir, quis fazer amor. Pensei na gente. Na luz que produzimos juntos, as vezes eu sinto irradiar. Pensei na paz que você me traz e pensei se eu também te trazia a mesma sensação - terminei por concluir que sim. Minhas pupilas ainda dilatadas e eu tinha a sensação de que nada mais existia além de nós, aquele momento e aquele colchão. Sabe aquilo de se perguntar se tudo é irreal? Eu estava assim. Pensando se tudo isso não fosse apenas um sonho ou um delírio. Mas ali, te observando com os olhos quase fechados eu pensei que poderia ser qualquer coisa. Se a vida fosse um filme, uma lembrança ou apenas um desvaneio, não importaria. Eu estava ali com você. Nosso colchão era um planeta e quando eu respirava fundo podia sentir seu perfume. Querido, eu ficaria ali imóvel te olhando por horas se você não tivesse lábios tão irresistíveis. "Me beija" eu disse quase inaudivelmente enquanto avançava com a fome de dez leões. (...) 
Ofereço dois ombros e um abraço sincero e bem apertado. Ofereço lealdade, paciência e compreensão. Ofereço até mais do que devo ou mais do que me ofereceriam, mas ofereço aquilo que desejaria que me oferecessem. Quem quiser minha amizade, aqui está. Só não pensem que é assim, tão simples, não é. É necessário além de dizer que é, ser. É necessário permanecer apesar das coisas e necessário escolher estar. Não suporto meios termos, não aguento gentinha que fica em cima do muro. Comigo é assim: Ou você está ou não está. Acho muito fácil sair abrindo a boca por ai dizendo que ninguém é amigo de ninguém e que é muito difícil encontrar bons amigos, mas dai eu te pergunto: Você está sendo um bom amigo tal como gostaria de ter? Não preciso responder por ninguém. Por mais que neguem, a resposta está estampada em tudo ao redor. Depois de pensar em tanta gente que passou apenas por passar e naqueles que tiveram tanto valor e não se importaram, fecho os olhos e penso naqueles que estão sempre. Apesar do tempo, apesar das coisas bobas, das picuinhas e são por eles que eu penso que os outros que se danem. Eles que se percam nos próprios labirintos emocionais e nos próprios mundos falsos que criaram. Os verdadeiros eu sei quem são. E eles também sabem.