quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Olhar ao redor .

Meu tênis tá velho, quero uma calça nova, um perfume novo. Tava reclamando que queria lazanha, e minha mãe fez macarronada de novo no sábado. Reclamo porque não sai, porque a internet tá lenta, porque tá calor demais, porque o chuveiro não esfria da forma que quero ; reclamo porque moro nessa cidade onde todo mundo fala mal de todo mundo, sabe da vida de todo mundo, afinal não há espaço pra fazer nada. Reclamo porque quiseram fazer suco natural ao invpes de comprar um refrigerante, reclamo porque não quero ir pra escola, porque não quero vir embora a pé, reclamo porque a tv não está no canal que eu quero assistir. Reclamo de tudo, enfim. E na tv começa um documentário daqueles que mostram crianças, que não tem nenhum tênis, andam descalças, roupas velhas, nenhum perfume, não tem computador, nem televisão, nem ventilador pra aliviar o calor, não tem suco, nem refrigerante, nem água, não tem escola, e tem muita vontade de aprender. Crianças que tem nos olhos sonhos de um dia ter uma vida melhor, outras que nem imaginam o que é melhor, porque nunca tiveram contato com nada diferente daquilo que vivem. Não tem saneamento básico, nem comida nenhuma pra comer, nenhuma mesmo.. Enquanto vou dormir reclamando porque me sinto pesada de comer, uma criança dorme pra passar a fome em algum lugar, aliás muito mais que apenas uma, enquanto via aquilo não pude pensar em tudo do que já reclamei hoje seria um sonho pra aquelas crianças. O incrivel é que se pararmos pra pensar, as pessoas vêem, pensam e depois que o choque passa, esquecem, fingem que não viram, ignoram. Não se preocupam com nada além delas mesmas, porque pra elas, o amanhã é cheio de luxo como todos os outros, e para aquelas crianças? E eu não falo apenas em crianças que moram do outro lado do mundo, nos países pobres.. Eu falo de crianças que vivem nas ruas, em todas as cidades. Aquelas que você passa no carro com uma música alta e as nem percebe sentadas na calçada, é melhor parar de esperar uma vontade divina, é melhor jogar a responsabilidade pro outro, precisamos parar de reclamar de barriga cheia, olhar ao redor, precisamos parar de ver, chorar e ficarmos parados ; precisamos sentir , precisamos fazer alguma coisa.

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