domingo, 16 de janeiro de 2011

I like to walk in rain, because no one can't see my tears.

Cai uma chuva gelada por trás da vidraça. Os dedos dos pés impacientes dentro da meia de lã, as mãos se aquecendo com a xícara de leite quente, os lábios sendo mordiscados com os dentes, um pijama velho, um moletom jogado em cima, os olhos pequenos e perdidos acompanhando o desenho que água faz no vidro da janela. A chuva que cai me faz pensar nos casais que se inspiram com as tempestades em todo lugar do mundo. A chuva aquece alguns corações como o sol. E agora tudo o que eu que eu quero é um guarda-chuva.
Eu já gostei de chuva, primeiro na infância, quando saia pra rua pra me molhar na chuva, minha vó com medo de chuva dizendo que era perigoso por causa dos raios, mas eu nunca tive medo de tempestades. A chuva sempre me fazem pensar nas pessoas que estão longe. A chuva viaja tão rápido nas nuvens. E por diversas vezes, quis viajar assim como ela. Eu quis algo distante. 
Hoje as gotas de chuva caem como lágrimas. É exatamente assim que a vejo agora. O barulho me dá vontade de chorar. Confesso que ainda gosto da chuva, eu gosto da forma que me faz pensar nas coisas que eu tive, que eu vivi. É como se fosse uma dor lá no fundo, que me queima com doçura; como um arco-íris depois de uma tempestade.
Eu sei que ninguém que vá me abraçar enquanto a chuva cai lá fora. Ninguém que vá acalmar a tempestade que acontece dentro de mim. Ninguém que vá me dar a mão quando tenho receio de estar sozinha. Ninguém que ficaria ali, de graça, deitado ao meu lado escutando os trovões. Por um instante você pensa que isso é tão triste, que isso pode ser tão miserável e o amor parece ser uma esmola que você pede em troca de um sorriso, por mais falso que isso pareça. E seria tão mais simples se dentro de mim eu já não quissesse simplesmente uma pessoa. E mais ninguém. E seria tão mais simples se quem eu quissesse me quissesse também. Seriamos apenas nós, em nosso pequeno planeta. A chuva com seu frágil barulho discreto, penetra meus pensamentos e me faz imaginar um futuro quase impossível. Um beijo em uma tempestade, um carinho no frio, um abraço quente que acolhesse a alma. Assistindo um filme, comendo pipocas, bem juntinhos no sofá. Pensar em como seria bom, me dá vontade correr pro meio dessa chuva e fugir. Fugir do passado, da felicidade imaginária, fugir dos meus pensamentos. Mas ouvi dizer que tudo tem seu tempo. 




"Se choras por não ter visto o pôr do Sol, as lágrimas não te deixarão ver as estrelas." (Bob Marley)
  por Caique Vasconcellos, obrigada pelos conselhos.  (:

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