Francine Moreira.

Olhando o céu ficar cinza pra depois clarear-se com a luz do dia, parei pra pensar em tudo o que me aconteceu em 2010, tipo uma retrospectiva. Foi um bom ano, conheci muita gente, vivi muita coisa. E depois disso fiz uma retrospectiva de 2009, 2008 e minha memória foi ficando cada vez mais fraca. Lembrei que achei no meio das minhas coisas um bilhete trocado na sala de aula que eu nem lembrava mais, um bilhete que eu tinha guardado com muito carinho e que tinha me feito rir muito. Esquecido ali dentro de uma caixa cheia de lembranças ou esquecimentos. Eu ri de novo com o bilhete que achei e embora aquilo me fizesse sentir uma dor que queimava e gelava, causando prazer e dor ao mesmo tempo. Foi tão estranho estar feliz e triste ao mesmo tempo. Saudade de uma inocência perdida. Das brincadeiras de boneca. Da ingenuidade. Lembrar das coisas que fiz e fui fazendo ao longo da vida. O primeiro beijo que me custou um corte no lábio. A primeira paixonite. E acredite, já tinha até me esquecido de algumas. Eu tive medo de esquecer coisas que amo viver agora. Momentos que quero guardar comigo. Mas minha memória não é assim tão grandiosa, não posso guardar tudo e leio postagens antigas daqui, que me fazem sorrir. Cada pequeno instante é tão importante quanto um grande acontecimento. E as vezes nem na memória ele vai ficar, não podemos nem confiar em nossas lembranças, porque faltam muitas coisas que um dia julgamos importantes, mas hoje passa despercebido. E o dia amanheceu, trazendo doces recordações e sensações desencontradas.