sábado, 1 de outubro de 2011

Sinto falta dele. Sendo que posso vê-lo ali, na varanda sentado. Sinto uma falta enorme dele. Falta das conversas, dos conselhos, de dizer o que queria, sinto falta da presença por completo e do interesse nas minhas opiniões, da época em que cada gesto meu não fosse frustrante, e que tudo o que eu fizesse estaria errado. Falta de ser a garotinha do papai, que não sou a tantos anos. Cada dia o silêncio me afasta mais, e o que é ainda pior, as palavras que vem entre os silêncios são apenas murmúrios pra me lembrar de que eu decepciono. E talvez decepciono mesmo, talvez o meu melhor não seja mesmo suficiente, talvez seja difícil ver que eu me esforço, talvez me esforce pouco demais. Eu já me sinto seca, sabe. Mesmo que eu tente, já não encontro um caminho pra me reaproximar, talvez seja até melhor pra evitar feridas maiores. A prova disso é que você está ali, diariamente, agora, a uns dez metros de mim, eu posso te ver pela janela, eu posso te chamar e eu posso ir até ai. Mas eu não vou, sei que não vou. Sei que prefiro escrever sobre o que sinto comigo mesma num blog, desabafar pra um bando de gente que eu nem sei ao certo quem é que vai ler do que simplesmente ir e dizer. Complicado, dolorido. Talvez essa fantasia de pai e filha superpróximos já não nos cabe mais. Talvez isso melhore com o tempo, ou piore. De todos os assuntos, de todas as rejeições essa é a que mais me dói. De todos os silêncios esse é o que me faz chorar com mais facilidade. Quase instantâneo. Mas ele nunca vê, mas ele nunca nota. Porque assim como ele, eu me escondo pra chorar, assim como ele eu escondo os vestígios que isso me causa. Assim como ele eu sorrio discreta e falsamente quando passo por perto, em silêncio. E então o meu riso infantil das piadas que ele contava soam na minha cabeça e eu penso se soam na dele também. Mas isso é uma coisa que eu nunca vou saber. E nem ele. 

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