terça-feira, 27 de dezembro de 2011

(...) Ao todo foram dezessete cartas. Dez digitadas e sete escritas a mão. Nenhuma eu enviei. E não sei explicar porquê. Então, um dia de mormaço eu deletei todas as que tinha salvo. E depois, de madrugada, criei coragem e coloquei fogo nas outras que tinha guardado. Coloquei nas fotos também. Parecia muito surreal, mas era como se o cheiro do papel queimando fosse como se queimasse todas minhas lágrimas derramadas em vão. E em silêncio observei as chamas comendo minhas palavras escritas. Acho que me dei conta que não se pode acreditar em pessoas que dizem 'eu te amo' com a boca toda suja de mentiras. Acho que amadureci um bom tanto naquela madrugada. Doeu, sim. Mas sabe acho que a imagem do papel sendo devorado pelo fogo fez que doesse menos. Sem nada pra reler e me lembrar de como eu me sentia. Eu li um texto uma vez que quando nós deixávamos de gostar de alguém, nós também deixávamos uma parte de nós, que deixaria saudade. Mas não, eu queimei a menina chorona e inocente naquela madrugada. Um ritual pra matar quem eu era. É uma boa definição.

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