Francine Moreira.

Eu não sei mergulhar no raso apenas. Eu não sei me segurar nas bordas. Não sei fazer pelas metades, mas sei o que é deixar alguma coisa no meio. Sei o que é não terminar o que começou. Eu não sei quando é que vai dar certo uma coisa. Mas eu acredito sempre que vai. E quando não dá, eu penso que foi por pouco. E levo o que foi bom. Nem que sejam apenas lembranças. Então, quando você se fecha, quando você se tranca dentro de si mesmo. Aparece alguém que te deita sobre o peito dele enquanto você fala sobre sua vida, alguém que troca memórias de infância com você, que te diz pra tomar remédio quando você diz que está com febre, que te cuida, que te ajuda, que te faz bem. Sim, eu tenho medo. Eu tenho medo que ele encontre alguém incrível por ai e se apaixone, e eu sei que isso pode acontecer a qualquer momento. Eu tenho medo que a vida o leve pra longe, que separe nossos caminhos. E que ele não tenha paciência de esperar. Tenho medo de esperar por isso e isso não acontecer. E tenho medo que ele me ache insegura com tudo isso. Então quando me sinto assim e estou com ele, eu mordo o lábio e olho pra ele com força, tentando memorizar cada detalhe, depois coloco a cabeça no pescoço dele e respiro o mais fundo que consigo, desejando que aquele cheiro grude nos meus pulmões pra sempre. Embora, eu deseje a eternidade aquele momento me basta. E eu esqueço todos os meus medos, porque eu me sinto protegida pelo melhor abraço do mundo.