domingo, 26 de fevereiro de 2012

doce cotidiano

Eu observava aquele papo da reunião das mulheres casadas dizendo da labuta que é manter a casa em ordem, e sinceramente sempre fui do tipo que preferia estar lá fora bebendo com os homens da família falando sobre times de futebol ou pescaria, embora entedio-me facilmente com ambos assuntos, em especial a pescaria que sempre foi uma tragédia pra uma menina serelepe como eu, mas enfim. As mulheres reclamavam das toalhas molhadas em cima da cama e do trabalho que era manter a casa e algumas o emprego fora de casa e aquele fuzuê sempre me assustou completamente sobre o assunto. Afinal, pra quem me conhece pessoalmente isso não é nada fora do comum, já que eu sou totalmente desprendada. Minha organização é uma desordem total, começando pelo meu quarto, que no quesito bagunça ganha de qualquer quarto de menino, por exemplo. Não sei costurar, mas sei fazer vagonite e ponto-cruz, embora perca sempre a vontade de terminar no meio do bordado. Não sei passar a roupa com muita frescura também não, sei passar, mas aquilo de goma também não sei. Sei limpar, passar um pano, varrer. Mas uma casa não é feita de varrer e passar pano, como me ensinaram as mulheres. Por fim, pra terminar de foder com meu curriculum só sei cozinhar purê de batatas, sei fazer arroz e fritar batata, salsicha, bife e etc (ovo não sei), sei fazer macarrão, ferver leites e sei fazer alguns doces, então pelo menos de fome meu marido não morre. Mas dai pra eu querer casar ainda tem muita coisa pra dizer. Eu quando criança disse que sempre moraria com os meus pais, depois na adolescência quando me perguntavam sobre  casar eu sempre diria "jamais, vou morar sozinha sem homem pra encher o saco" e pronto, tá né. Dai você conhece alguém que te dá uma saudade danada logo quando vai embora, e que você quer tomar banho junto, dormir abraçadinho, cozinhar pra pessoa, almoçarem e jantarem juntos, ter um filho com a cara da pessoa, aceitar as toalhas molhadas e reclamar sobre a bagunça da casa e ouvi-lo reclamar de volta, e mandá-lo pro inferno e depois fazer as pazes e acabar se tornando uma velhinha sentada na varanda de mãos dadas com o marido. E mesmo que se torne uma rotina, eu sinceramente não vou achar ruim. Não é possível que seja ruim com ele por perto, entende? E eu sei que um belo dia de sol vou reclamar de tudo nele e até olhá-lo vai me irritar, afinal ele não é perfeito e ainda bem que não. Porque eu não suportaria acordar todos os dias descabelada e mal humorada  com um ícone da perfeição. O perfeito é tedioso. E sabe, bagunça a gente arruma junto, aprender a gente aprende com o tempo e o que não der certo a gente dá um jeito. Um dia vou observá-lo pela janela e ele estará sentado bebendo com os homens lá fora e eu, na cozinha vou dizer para as mulheres da família "e as toalhas molhadas em cima da cama? grrr" e uma delas vai dizer "nossa fran, nem me fale" e eu vou olhá-lo mais uma vez entretido e vou sorrir lembrando que um dia eu escrevi sobre isso. E vou lembrar também que amo tanto que não saberia como seria viver numa casa sem as toalhas molhadas dele.

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