sexta-feira, 13 de abril de 2012

Deitada num colchão na varanda com os olhos pregados no céu. Só depois de uns segundos de apneia percebeu a quanto tempo não fazia isso. Quando menor, deitada ali no mesmo colchão e no mesmo lugar sonhava com dias em que seria astronauta ou pudesse estudar os astros. O universo sempre a deixou muito intrigada, curiosa e até um bocado eufórica. Lembrava de que costumava comparar os astros com as pessoas. O pai era o Sol, a mãe a Lua, a irmã menor um pequeno planeta e os amigos alguns cometas, alguns asteróides e outros satélites sempre precisando girar em torno de alguém. Então colou os olhos nas estrelas. As estrelas estão sempre ali, embora muito, muito longe. Embora nunca pudesse possuir estrela, ela amava-as. Amava o brilho e a forma de estar ali, linda e silenciosa, apenas ali brilhando pra quem quisesse ver em qualquer canto do Universo. E então se lembra de alguém que tinha olhos de estrelas. Os olhos mais bonitos que alguém pode ter, duas enormes estrelas hipnotizantes. Não se pode pegar uma estrela nas mãos, ela sabia. Mas como se pode explicar? Se você não pode ter uma estrela, mas pode dançar com ela, pode observá-la e sorrir e se isso for a única coisa que você puder ter. Então você aceita, porque qualquer coisa é melhor que nada. 
(...) A tola se esqueceu que estrelas não duram pra sempre, que estrelas também se apagam e uma noite quando olhou pra cima, aquela estrela não estava mais lá. E então o céu passou a ser apenas um enorme telhado cheio solidão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário