sábado, 26 de maio de 2012

Parecia verão, daqueles com o céu bem alaranjado. Balões, sorvetes, ursos de pelúcia, palhaços, dançarinas que voavam, estampas de bichinhos em praticamente todas as roupas e sorrisos em todos os rostos. "Como seria seu paraíso?" dizia um cartaz. E eu observei todos os detalhes daquele lugar, segurei na mão dos meus pais e tirei os pés do chão, fazendo aquele balancinho que toda criança faz. Meus pais sorriram pra mim e continuamos andando, e eu pensei que o paraíso era aquela tarde no circo. Muitos anos depois, numa madrugada de tempestade, eu dançava sob a fumaça de cigarros e ria ligeiramente bêbada, e me lembrei do cartaz, que aliás nunca vou esquecer, e pensei que aquele sim era o paraíso: um quarto, uma música, um maço de cigarros e um corpo, o corpo dele. E por mais incrível que foi, vi meu paraíso derreter sob meus olhos sem poder fazer nada pra impedir. Achei que talvez o paraíso não exista e nem nunca existiu. Talvez o paraíso tenha sido só um delírio. Então ontem, a frase do cartaz veio de novo na mente, sentada numa ponte no meio de uma praça de madrugada, um sorriso na boca de alguém com os olhos muito vermelhos e me abraçava e talvez o mundo tenha girado mais devagar por uns instantes, então descobri que o segredo está em nós: O paraíso é dentro da gente mesmo.

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