domingo, 1 de julho de 2012

Caminhávamos em silêncio. Eu mal sentia minhas pernas mas sabia que elas se enroscavam uma na outra, parei e vomitei por longos segundos enquanto ele segurava meu cabelo. Não tinha completa certeza de quanto tinha bebido mas sabia que havia sido além do que devia. Ele  pegou um papel e me secou a boca, cuidadosamente como quem limpa um bebê depois de alimentá-lo. Eu, sem dúvidas, não era a garota certa pra ele. Talvez não fosse a garota certa pra ninguém. Tive medo de atrapalhar qualquer coisa na vida dele e sobretudo, tive medo que ele também pensasse como eu. Ainda estávamos em silêncio. Respirei fundo. Observei o céu, pensei em dizer qualquer coisa. Pensei em apelar. Pensei em abraçá-lo e explicar o quanto aquilo era importante pra mim. Senti o gosto da bala de limão com creme que ele havia me dado. Meus calcanhares doíam. Via as casas no caminho e nos imaginava morando nelas, pensei que talvez nunca fosse uma boa dona de casa, provavelmente não uma que merecesse alguém como ele. Tentei dizer alguma coisa mas ele me disse que conversaríamos depois. A culpa era minha, só minha. Se ele ficasse puto, se brigasse comigo ou me dissesse que sou uma péssima namorada, ele teria razão. Talvez até terminasse comigo. Um frio me correu na espinha e eu senti vontade vomitar de novo, não vomitei. Nem esbocei qualquer coisa, estávamos chegando. Paramos em frente a minha casa, desejei-lhe boa noite e entrei, sem equilíbrio sem o braço dele. Ele me olhava do portão, eu ainda olhei-o mais uma vez antes de entrar em casa. Quis voltar correndo e abraçá-lo antes que ele chegasse à esquina. Mas me joguei na cama enquanto o mundo girava. Mas não como ele fazia, ele girava o mundo sem que eu percebesse ou me importasse, porque estava com ele. E todo tempo com ele ainda era pouco. Falamos ao telefone, impressionante como ouvira voz dele me parou com a tontura, fechei os olhos quase dormindo até que ele voltasse por todo o caminho. Depois com os olhos fechados pensei no sorriso dele e sorri também. Adormeci.

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