segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Em um certo ponto percebi que estava sentindo vontade de andar ereta e arrumar mais o cabelo. Tentei até abandonar as neuras e falar menos gírias. Eu quis ser uma princesinha de filme, eu juro que quis. Mas não é assim, não é? Não é apenas querer ser algo e assim se torná-lo. Quem é doce, já nasce assim ou aprendeu desde muito pequeno. E, de repente eu era um praticamente um moleque sujo de salto, maquiagem e coroa, o que não fazia de mim uma princesa. Sempre chegando atrasada e com aquela cara de quem se arrumou correndo pra não se atrasar ainda mais, deixando as coisas pela metade ou nem começando. Tentei até parecer uma menina organizada e responsável mas minha vasta lista de fugas me denuncia. Minha bagunça me denuncia. Tem gente que expele tristeza, não tem? Aquela gente que você olha que já fica se sentindo um pouco melancólico, sei lá. Eu exalo bagunça e desordem mas só agora foi que descobri que não era proposital.
Ele, nobre. Um príncipe talvez, se príncipe não me trouxesse a imagem de um almofadinha chato, eu o chamaria de príncipe. Mas ele era muito melhor. Às vezes eu o chamava de príncipe porque queria que uma imagem como a dele ficasse na minha mente sempre que eu dissesse essa palavra, mas sinceramente nunca ficaria. Ele é definitivamente melhor que isso. Também não era rei porque não tinha nenhuma pompa. Ainda bem, já que odeio pompas. Odeio esses homens que sorriem arregalando os olhos pra ver a reação das pessoas em volta, odeio esses caras que se acham no topo do mundo, esses sim fazem jus a imagem tosca de um monarca besta que tenho em mente, ele não. Ele tinha uma beleza que estava lá, mesmo enquanto ele deitava no chão sujo do meu lado pra olhar as luzes do teto ou quando ele dormia de boca aberta, ainda permanecia intocavelmente belo.
Então se qualquer um analisasse a situação, pareceria bobagem pra um cara como ele permanecer com uma garota como eu, até pra alguém que me ama mas me conhece bem parece assim tão óbvio, como pra minha mãe.
Talvez ele tenha se apaixonado pela amiga palhaça que o fazia rir ou se admirou com a minha capacidade em não ter habilidade pra nada, talvez tenha sido curiosidade pelas inúmeras estranhezas ou talvez tenha sido sem explicação. O fato é que, até mesmo eu, que tinha um emocional de robô acabei por amá-lo e hoje observando-o perguntei a mim mesma se seria possível não amá-lo, acho que não. Ele é uma lista ambulante das coisas que eu amaria ou de que qualquer pessoa no mundo amaria. E eu o amava mais ainda a cada segundo que passava perto dele. E nós ríamos como bobos olhando um pra cara do outro enquanto nos viciávamos um no outro. Amá-lo jamais fará de mim uma princesa, mas depois de pensar um pouco percebi que ele nunca me amaria se eu fosse uma. Eu ainda sou um adorável molequinho sujo  com uma coroa na cabeça, e a coroa é só por ironia.

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