quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Todos nós sentimos falta de alguma coisa que não temos mais. Pessoas, momentos e acredite, até sentimentos. Eu, por muito tempo senti uma falta enorme da minha capacidade de demonstrar o que eu sinto, mas a reencontrei debaixo da cama, dia desses. De todas as saudades talvez essa seja a pior: Sentirmos falta de quem éramos e não somos mais. E acredite, na maioria nas vezes não dá pra voltar não. Na maioria das vezes a gente nem sabe o que falta e talvez falte tanta coisa que é preferível fingir que não nos falta nada. Dá certo por um tempo, não muito longo mas dá. Depois fica aquele vazio, a cara oca e irreconhecível te olhando na frente do espelho. Se maquia e sorri forçadamente pra si mesmo. A vida muda todos nós, talvez seja necessário mas dificilmente acho que seja bom. São sonhos, sentimentos e juramos que fizemos a nós mesmos que quebramos o tempo todo. Quando eu era criança eu queria mudar tudo no mundo, queria mudar o modo das pessoas se verem e se cumprimentarem na rua de manhã, andei observando que pouca gente deseja bom dia e que alguns até não me respondem quando eu lhes desejo, quando eu era criança não me lembro de ninguém não ter me respondido, mas me lembro de como os maiores passavam indiferentes entre si, talvez uma criança poderia mudar isso com mais facilidade que um adulto e olhe, é difícil pensar sobre ser adulta agora. Logo vou fazer 18 anos e eu sempre pensei nisso. Quando eu era criança e via meus primos maiores fazerem 18 anos eu os achava tão grandes, sensatos e decididos e eu ainda me vejo querendo um pote de sorvete, sentar no sofá e assistir desenhos. Mas sabe, talvez seja isso que faça as pessoas nessa mesma fase que eu crescerem: Nós somos forçados. Pela falta de colo, de mimos e pela independência que nós lutamos tanto para ter na adolescência e agora me parece um tchau frio. As vezes eu me sinto severamente observada aqui dentro e tudo o que eu faço, não importa o quê e nem com qual intenção, está errado. Agora sou crescida. Observo meu album na parte com uns 7 ou 8 anos.. Observo a expressão dos meus pais e me lembro das conversas na hora da janta, quase não há mais diálogos por aqui, evito os diálogos para evitar discussões. Eu sempre vi todos os adultos dizendo incansavelmente que tinham uma saudade enorme da infância, e eu os achava tão bestas por desprezarem a vida adulta que me parecia tão livre de ordens e regras. Hoje eu senti uma saudade tão absurda de mim mesma pequena, do meu cabelo cacheadinho que minha vó sempre arrumava e eu detestava, eu senti saudade do sorriso que eu tinha e de brincar com as minhas primas, mas nada se comparou a saudade que eu senti das conversas, dos carinhos e de sentar no colo da minha mãe e dormir pensando que talvez o tempo não passasse. Aqui, chorando de soluçar, sem ninguém pra esquentar meu leite ou me abraçar eu penso nas crianças que me achariam tão besta quanto eu achava os adultos e talvez como se eu mesma pudesse me ouvir. Agora foi que eu entendi aquela frase de que a pior saudade é a que a gente sente da gente mesmo. E eu sinto absurdamente.

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