terça-feira, 20 de novembro de 2012

Eu soube que ele era o certo quando nós ficamos em silêncio deitados depois da primeira vez que fizemos sexo. Não fazia muito tempo que nós tínhamos nos beijado pela primeira vez e nós nem namorávamos. Eu podia ver metade do rosto dele e os olhos na altura dos meus. Eu estava tímida mas ele parecia estar tanto quanto eu, o que achei incomum para um garoto da idade dele. Não foi um sexo comum de duas pessoas que apenas tem vontade de fazer, sabe? Foi mais que aquilo. Nós ali em silêncio e ele não dizia nada. Minha boca pinicava pra dizer 'eu te amo' mas realmente era muito, muito cedo. O que não fazia com que a minha boca pinicasse menos e então reformulei a frase e tudo que saiu foi um "você é.. lindo". Uma semana depois em uma situação não menos íntima ele me pediu em namoro (ou foi levado a isso). Mais um namoro. Realmente eu ficaria falada. Era o terceiro namoro em um período de seis meses. Danem-se. Era um namoro e eu estava feliz.   Duas semanas depois ele me disse que me amava e eu finalmente disse à ele que o amava também. Depois de dizer isso de "eu te amo" fiquei meio atordoada. Não era a primeira vez que alguém me dizia que me amava e eu dizia de volta mas dessa vez era diferente. Na verdade eu queria desesperadamente que desta vez fosse diferente. Da última vez que um cara tinha dito eu te amo pra mim, era só o começo de uma sucessão de mentiras. Um dia, daqueles em que substâncias conectam sua mente com a sua boca sem que antes você possa raciocinar, eu parei diante dele muito séria e repetia "Cara, eu te amo mesmo. De verdade" não em um tom de alguém que quer convencer alguém mas em um tom que alguém está surpreso e assustado de algo que soube de si mesmo. Era real. Então eu o amava. E percebi isso assim que a ideia de perdê-lo me apavorava. Eu nunca tinha tido ciúmes de ninguém, eu nunca tinha chorado na frente de alguém e as coisas que nós dizíamos um ao outro não são segredos que se divide com qualquer pessoa, talvez do tipo que não se divide com ninguém mas nós dividíamos como se fossemos a mesma pessoa, como se nós fossemos um extensão do outro. E era assim que nós nos sentíamos. Eu tinha mais certeza de que seria ele pra sempre a cada dia que eu acordava enquanto ele ainda dormia. Se os anjos dormissem, teriam aquela aparência. Eu sabia que era ele porque mesmo irritado ele ainda era sensível. Mesmo sendo odiável ele ainda me fazia amá-lo mais ainda. Eu soube que ele era o cara certo quando ele saía pra pegar alguma coisa no cômodo ao lado e me dava uma saudade absurda e dos planos que fazíamos juntos. Eu sabia que era amor quando ele dizia alguma coisa que me fazia querer socar a cara dele e mesmo assim eu não conseguia ficar brava. Eu sabia que ele era ele todas as vezes que ele me lembrava meu pai. E inventávamos dezenas de apelidos bobos e desenhávamos um ao outro. Eu sabia que ele era o cara certo porque eu sabia que eu era a garota certa pra ele. Quando for o cara certo não vai deixar a impressão de que os outros eram errados, vai deixar a impressão de que os outros nunca existiram. Quando for o cara certo, meu bem, você vai saber.

Para minhas futuras filhas e netas.

2 comentários:

  1. O perfeito primeiro encontro tem um doce quê de reencontro.
    GK

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  2. E quem é que garante que um primeiro encontro não é um reencontro?
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    Bela frase, GK. ;)

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