segunda-feira, 26 de novembro de 2012

O silêncio dominava a sala e a vida dela. Ali, na mesma sala mas muito distantes. Ele jantando enquanto ela lia, sem trocar de página. Não posso dizer com exatidão o que se passava na mente dela. Acho que um misto de uma saudade do que nunca aconteceu mas que ela queria muito que tivesse acontecido e de uma raiva por tanta indiferença. Nada havia acontecido senão o tempo. Que cada dia construía um muro de diferenças entre os dois. As lembranças de um tempo feliz latejavam na cabeça dela. Talvez na dele também, mas não há como saber. Daquele tempo nada havia restado. Tentou puxar um assunto mas depois da interrogação o silêncio voltou a reinar. Nada lhe doía mais do que quando ele fingia que não a tinha ouvido. De repente seus olhos ficaram vazios e ela voltou a encarar o livro. Os olhos ardiam secos mas não havia nenhuma lágrima neles. Não chorava duas vezes pela mesma coisa. E, por aquele motivo já havia chorado muito, mas sempre depois que ele saía apressado. Ele terminou e se levantou, saindo sem se despedir, ela cortou o silêncio:
- Pai?
- Não é uma boa hora. - Enquanto fechava a porta.
Talvez nunca fosse.

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