terça-feira, 6 de agosto de 2013

Limbo

No limbo se faz silêncio. Sem passos, respiração ou lamento. Só silêncio. Só vazio. Há meses.
Não faço nada. Nada pra sair daqui, embora eu não sei se aguento mais. Nos cantos, no sofá, na cama ou estirada no tapete. E os dias passam. Dá agonia sentir o tempo passar assim, sentada durante 45 minutos na frente do espelho. Nada muda. Leitura me enfada e meus textos, como já deve ter dado pra perceber estão uma merda. Anestesiei. E ainda, aquela ferramenta nova do Facebook. "Como você está se sentindo?" Não sinto. E eu sigo respirando. Sem criatividade, sem paciência, sem ânimo e vontade. Eu me lembro bem quando li Estorvo, do Chico. Eu sentia vontade de escrever uma crítica ao personagem e ao autor. Como alguém como Chico poderia escrever aquele conformismo encadernado? Se a vida fosse um mar, o personagem era do tipo que sabia nadar, mas ia sendo levado, levado, levado até finalmente amolecer e se deixar afundar pra afogar. Em alguns momentos do livro o cara até tentou fazer qualquer coisa mas cada tentativa era um esbarrão e adivinha? Mais merda. No fim ele é esfaqueado se não me engano. E embora sente vontade de pedir ajuda monta num ônibus e fica olhando pela janela. Parou de estorvar. Só não queimei aquele livro porque ele era da biblioteca. Hoje confesso meu erro. O livro é genial. Demorei muito pra entender toda essa dinâmica da capa preta escrita sem frescuragem, do cara que perdia tudo e não se importava, e continuava sem nada e não reclamava mas que ficava pensando em como poderia ter sido "se" mas nunca era porque já havia sido, que tentava dar um jeito e ferrava com tudo e embora tivesse mais do que muita gente, mas não era feliz. Eu queria dizer que me sinto como aquele personagem sem identidade, do qual nem lembro o nome. Acho que até seja provável que ele nem tenha tido um nome no livro. E as luzes ao redor insistem em tentar convencer de que foi feito o que podia. Meu peito fecha os olhos e chora. Mas  por dento sigo sem sentir, afinal no limbo não se chora, só se silencia.

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